Tenho 42 anos tive o TCE c/ 28 anos, estou reformada por invalidez do Millennium BCP desde 2005, trabalhei desde 1994.
A minha história como sobrevivente de TCE começou em 12 de Maio de 1999 quando um acidente de viação de que resultou um TCE, que me colocou em estado de coma profundo durante 12 dias.
Embora as minhas recordações sejam desconexas, fui tentando “Misturar” o que realmente me recordo com o que me foi relatado, a confusão por vezes é grande.
Certo é porem que as recordações mais vivas remontam ao período anterior a 1997.
Tudo o que me recordo são Flashes imediatamente anteriores ao acidente, e imediatamente posteriores ao mesmo (enquanto o meu cérebro não apagou) embora pessoas credenciadas (medica anestesista) me assegurem que entrei de imediato em coma.
O meu internamento de socorro foi feito no hospital de Sta. Mª.
Depois de 2 episódios de alergia à penicilina (ocorridos em Stª Mª) que quase me mataram, aconteceram logo após a saída de coma.
Transitei para o Hospital da CUF, onde começo c/ fisioterapia diária, nesta fase há também um grande investimento familiar de estimulação sensorial.
É na CUF que começam as recordações pós TCE.
Da CUF transitei para o Centro de Reabilitação de Alcoitão (Outubro de 1999) de onde tive alta em Março de 2000.
Onde prossegui c/ tratamentos em regime ambulatório.
A fase depois de Alcoitão passou pela Fisiológica(clinica coordenada pela Dra. Cristina Soares).
Eu fazia mto bem o meu trabalho, como tal no período pós TCE as portas não se fecharam por completo, e tentei voltar ao Banco e voltar a estudar mas eu que estava a estudar Direito (4º ano na FDUL) trabalhava na sucursal Novarede Alvalade por estar perto da Cidade Universitária.
Sei muito pouco do trabalho burocrático sem contactos proactivos c/ clientes.
Desenvolver novas competências, talvez fosse possível se a aprendizagem fosse acompanhada..
Afirmo com alguma certeza, que c/ calma pós TCE conseguimos encontrar estratégias para chegar aos fins pretendidos, conseguimos aprender coisas novas.
Mas pós TCE sou colocada nos serviços centrais do Banco no Taguspark, e como é obvio as pessoas preocupam-se em manter o seu trabalhinho não é prioritário o “serviço social”.
Penso que o Ministério do Trabalho deveria dispor de equipas multidisciplinares (a requisitar pelas empresas quando necessário) que soubessem ouvir/avaliar os sobreviventes de TCE .
Existe um curto espaço de tempo durante o qual ainda se pode salvar alguma coisa do nosso disco rígido e retomar mesmo que parte da nossa vida, no meu caso pessoal, sei que tinha muito mais agilidade mental 1 ou 2 anos depois do acidente do que agora.
Retomando a historia:
Achando que a minha recuperação não podia ter acabado, e por ser muito teimosa, tanto procuro por uma saída que “ me aparece Cuba/Cirene”!?!?
Falo do assunto ao meu marido e nesse ano(2000) vamos a Cuba de férias, c/ uma consulta de avaliação marcada na Clinica.
Nessa consulta falam-me numa recuperação em 3 meses(!?!), obviamente regresso a Portugal e a todas as portas bati .
Em Novembro de 2001 parto para Cuba onde estive 7 meses.
Quando parti para Cuba já ia a andar, lá aperfeiçoei a minha marcha e vivi num clima tropical com todas as vantagens e inconvenientes.
Muitas expectativas deram em muito pouco.
Como tinha referido já, foi tentada a minha reintegração laboral , em 2000 (ou seja antes do milagre prometido por Cuba) mas em moldes a meu ver desapropriados.
Fui “largada” sem competências numa realidade que me era estranha por completo.
Depois de muitas fusões e refundações após 3 anos muito atribulados peço para ser reformada .
E assim passados 14 anos já não sobrevive muito da Rita antes do TCE
Quando me perguntam porque insisto em ir ás reuniões da novamente a minha resposta é tal como os macacos que são semelhantes mas não misturam espécies também. eu me sinto bem junto de pessoas que sentem o mesmo que eu.
Na sociedade em que vivemos uma mulher deficiente de 42 anos não pode ensinar nada a ninguém pois todos se acham imunes ás ocorrências fortuitas, contudo entre pares é diferente……